segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bandas que podem salvar o rock – Lupe de Lupe

A cena mineira já revelou nomes extremamente importantes para a música nacional como Sepultura, Pato Fu, Skank entre muito outros. Atualmente, um dos nomes mais promissores da cena mineira é a banda belorizontina Lupe de Lupe, que por sinal, é a entrevistada da semana na série “Bandas que podem Salvar o rock”. Confira!

Aperte o Play! - De onde é e quanto tempo a Banda Lupe de Lupe tem de vida?
Lupe de Lupe - Somos de Belo Horizonte e temos dois anos de carreira. Não seria uma carreira ainda, é claro. Dois anos dessa bagunça.

AP - O que querem/esperam/sonham com este projeto?
LDP - Nosso sonho é viver fazendo o que mais amamos. Não temos pretensão de ser uma grande banda de sucesso ou fazer muito dinheiro. Se ganharmos um pouco e ainda tivermos resposta positiva sobre nossos lançamentos e nossos shows, vamos continuar fazendo o que estamos fazendo agora. Eu duvido que o Dinosaur Jr e o My Bloody Valentine estejam ganhando muito dinheiro. No entanto, os caras deixaram uma marca na música mundial. Mesmo que a grande massa não os conheça, sempre vão ter pessoas ouvindo as músicas e assim eles vão viver pra sempre, sabe? Só queríamos continuar lançando músicas, eu acho. Não precisamos tocar no Faustão. Quem sabe um dia tocar no Altas Horas (rs).

AP - Quais os planos para 2011
LDP - Bem, acho que é lançar uma música e um clipe no primeiro semestre, e talvez outra música e outro clipe no segundo semestre. Essas músicas vão estar no próximo EP que sairá no começo do ano que vem, na mesma época do "Recreio" desse ano. Mais ou menos o mesmo processo que fizemos com o clipe e música de "A Escrava Isaura" e "Para Viver Um Grande Amor". Por enquanto é só.

AP - Como está a agenda de shows?
LDP - Esse começo de ano foi movimentado. Tocamos em São Paulo, Contagem, Cuiabá, Campo Grande, Uberlândia, Uberaba e Belo Horizonte, no fim. Agora estamos de férias. Vamos nos concentrar na gravação dessa primeira música que deve sair até em junho. Talvez rolem shows em Belo Horizonte e São Paulo. Mas vamos ver ainda.

AP - Como funciona o processo de composição do grupo?
LDP - Bem, inicialmente cada um compõe a letra e a estrutura de cada música que canta. Como todos cantamos na banda, vira uma bagunça se você invadir o espaço do outro. Por isso é sempre melhor deixar a composição mais limpa e sem complicação para o resto do grupo poder trabalhar no aspecto que quiser dentro da música. Por exemplo, "A Escrava Isaura" e "Para Viver Um Grande Amor" são composições, minha e do Vitor respectivamente, de quando a gente tinha uns 15 anos. Só quando a gente foi gravar o EP que elas tomaram forma e viraram músicas da banda de fato, antes era só voz e violão de fato. Aí um coloca uma guitarra barulhenta aqui e ali, todo mundo dá pitaco nos arranjos e temos uma música da Lupe de Lupe.

AP - Quais são as influências da banda?
LDP - As principais influências acredito que são Sonic Youth e My Bloody Valentine. Mas existem outras é claro, ouvimos muito Ludovic, Hüsker Dü, Wilco, Dinosaur Jr e Mogwai. Somos muito fãs de coisas novas como Animal Collective, Grizzly Bear, Yuck e No Age. Mas essas últimas não influenciam tanto no nosso som, a gente só bebe da mesma fonte e por isso se identifica um pouco, eu acho. Por falar nisso, esse próximo EP vai sair muito influenciado por Ludovic, as músicas vão ser mais curtas e mais punks. Somos herdeiros do Ludovic e do Los Hermanos, apesar de tudo. Mas sempre achamos que as músicas do Ludovic são mais divertidas de tocar e muito melhores para se tocar ao vivo. Um show de punk é mais divertido do que um show de mpb, sem dúvida. E combina mais com a gente.

AP - Sobre os integrantes, quem são eles? Como entraram para a banda?
LDP - Bem, eu (Renan), Cícero e Vitor estamos desde o início da banda, a gente se conheceu na UFMG. Nessa época o Cícero ainda era guitarrista, foi quando gravamos o EP "Recreio". Depois passamos grandes problemas com muitos bateristas em Belo Horizonte e acabou que o Cícero começou a tocar bateria. Deu muito certo e chamamos o Gustavo Scholz pra tocar guitarra. Isso deu uma nova cara pra banda e estamos muito satisfeitos com ela do jeito que está: todos cantando, inclusive o baterista, além de eu e o Vitor dividimos os vocais na maioria das músicas. Se um dia o Cícero quiser voltar a tocar guitarra a gente chama um baterista e ficamos com três guitarras.

AP - Como vocês observam a cena independente no Brasil atualmente?
LDP - A cena está em desenvolvimento. Acho que daqui a 10 anos poderemos nos equiparar com algum país desenvolvido. As pessoas no Brasil não tem uma cultura de ir em shows de bandas desconhecidas ainda, por isso a maioria das bandas acabam tocando para ninguém em alguns lugares. Por outro lado, grandes festivais estão sendo organizados e tem atraído muita gente. Porém, esses festivais não dão abertura para bandas de fato originais e isso tem feito com que essas bandas percam muito espaço no país.
Dessa forma, a maior reclamação continua sendo das bandas e sobre as bandas. Faltam bandas com energia e originalidade no país. O louvor ao "mesmo de sempre" de guitarras acima da cintura e a procura da perfeição de som e não de presença ou energia no palco tem de acabar. Mas isso não sei se tem solução, de fato. Tem muita banda igual a outra por aí, e penso que o povo deve começar a esquecer o indie tradicional e procurar outros meios, outras texturas e outras timbragens. Sei lá. São muitos problemas. Sabe, é maravilhoso ver o "Macaco Bong" tocando pra uma casa lotada em São Paulo, mas isso é por influência ou é pelo som dos caras mesmo? Eu acho o som e a atitude deles muito foda. Mas não sei. Acho que muita gente ainda tá indo ver a banda por pura influência dos outros e não porque gostam de fato. Se eles gostassem a gente viveria num país perfeito. Mas já é ótimo eles estarem indo ver o "Macaco Bong". Sei lá, é muita coisa.

AP - O que vocês esperam do rock deste país em 2011?
LDP - É muito cedo pra esperar que alguém espere algo da gente esse ano. Então não falarei da nossa banda. A única coisa que a gente realmente espera de 2011 é o lançamento e a canonização do cd completo do Jair Naves. Ele merece.

AP - Indiquem 3 bandas que você goste para a galera ouvir este ano
LDP - A maior desfeita brasileira cai sobre Ludovic, que deveria ser uma banda conhecidíssima, eu sempre falo para todo mundo ouvir mais Ludovic. As outras duas que estamos curtindo esses dias são Quase Coadjuvante (o Pavement de Belo Horizonte) e Loomer.

Conheça o som da banda Lupe de Lupe no site oficial: www.myspace.com/lupedelupe

A entrevista foi publicada na coluna Aperte o Play! do Jornal Primeira Página de São Carlos (Pág. 2 do Caderno de Cultura) no último domingo (10/04/2011).

2 comentários:

  1. Sou fã n° 1 de vocês! Lindos

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  2. TOPEI COM ESSA BANDA EM UMA CASA NOTURNA EM BH NO COMEÇO DO ANO. GOSTEI MUITO DO SOM DELES!!

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